Identidade, expressão e saúde mental: por que isso importa na adolescência?
A adolescência é um período de profundas transformações — físicas, cognitivas e emocionais. Mais do que mudanças visíveis, é um tempo marcado por descobertas internas e construção da identidade. No contexto clínico e educacional, é comum que adolescentes relatem incômodos com a forma como são vistos ou permitidos a se expressar. E isso pode parecer simples aos olhos adultos, mas representa algo muito sério quando falamos de saúde mental. Muitas vezes, situações aparentemente ligadas à estética — como a escolha das roupas, do cabelo ou da forma de se expressar — escondem conflitos mais profundos de identidade e pertencimento. Quando o jovem não se sente livre para ser quem é no ambiente familiar, isso pode gerar insegurança, tristeza e sentimentos de rejeição. Sabemos, com base em teóricos como Erik Erikson e Donald Winnicott, que o processo de formação da identidade depende do ambiente em que o adolescente está inserido. Quando há escuta, afeto e liberdade responsável, esse jovem cresce com segurança emocional. Mas quando há repressão, medo ou controle excessivo, o que deveria ser construção pode virar sofrimento. 👉 A negação da identidade pode gerar: Baixa autoestima Tristeza profunda Isolamento Pensamentos autodepreciativos Em casos mais graves, ideação suicida A psicologia nos mostra que um ambiente suficientemente bom é aquele que permite ao adolescente experimentar e ser escutado, sem julgamentos. Afinal, como crescer com autonomia se não posso nem escolher minha própria roupa? 💬 “O problema da identidade é engrenado na questão da segurança.” — Donald Winnicott (1971) Como psicóloga, acredito que acolher é mais potente do que corrigir. E que a escuta salva mais do que o silêncio protege. Se você é mãe, pai ou responsável, talvez essa seja a hora de abrir uma nova conversa em casa. Uma conversa onde o respeito e o afeto sejam maiores do que o medo.
ADOLESCENTES
Béttany Carvalho
6/6/20251 min read