O Olhar do Outro: Entre o Espelho, as Redes e a Busca por Aceitação
Vivemos na era dos reflexos. Reflexos digitais, sociais e emocionais. As redes sociais, que nasceram como ferramentas de conexão, se tornaram, muitas vezes, grandes vitrines — espelhos virtuais onde nos olhamos, nos comparamos e, muitas vezes, nos julgamos. Nunca se falou tanto em empatia. Ela aparece em postagens, discursos, campanhas... Mas, curiosamente, nunca foi tão difícil encontrá-la na prática, no olhar genuíno, na escuta real, no cuidado diário. Do ponto de vista da psicanálise, essa realidade não é exatamente nova — apenas se intensificou. O psicanalista francês Jacques Lacan, ainda no século passado, trouxe um conceito que nos ajuda a compreender esse fenômeno: o Estádio do Espelho. Segundo Lacan, desde muito cedo, o sujeito humano se reconhece a partir de uma imagem que vem de fora — seja a imagem no espelho, seja o olhar de quem cuida dele. Essa imagem se torna fundadora do “eu”. É como se disséssemos: “Eu sou aquilo que vejo refletido.” E mais: “Eu sou, também, aquilo que o outro vê em mim.” Se, na infância, esse processo se dá no espelho físico e no olhar dos cuidadores, na vida adulta ele ganha novas formas — e hoje, ele está, principalmente, nas telas. Nas redes sociais, buscamos constantemente um reflexo: curtidas, comentários, seguidores, confirmações. E, quando esse reflexo não vem, surgem o vazio, a sensação de não pertencimento, a angústia e a dor. Nos moldamos, sem perceber, ao desejo do outro. Publicamos, falamos, mostramos — e, muitas vezes, não sabemos se fazemos isso por nós ou para sermos vistos, aceitos, amados. O julgamento ganhou velocidade. Ele não mora mais só nas conversas de esquina, mas nos comentários anônimos, nos compartilhamentos cruéis, nas comparações silenciosas que fazemos enquanto rolamos a tela. A empatia virou palavra bonita, mas pouco praticada. Afinal, como podemos ser empáticos se estamos ocupados demais julgando — ou tentando não ser julgados? O olhar do outro pode ser lugar de amor, acolhimento e reconhecimento. Mas também pode ser cárcere. A psicanálise nos convida a um exercício profundo: olhar para dentro, reconhecer o quanto da nossa dor vem da busca incessante por validação externa e, então, construir um caminho onde possamos, pouco a pouco, nos reconhecer a partir de nós — e não apenas da imagem que o outro devolve. Que possamos, então, refletir: quem somos, além do que esperam que sejamos? Se essa reflexão fez sentido para você, saiba que o processo terapêutico é um caminho possível para se desconectar dos julgamentos externos e se reconectar consigo. A psicanálise oferece um espaço seguro, de escuta, acolhimento e construção de um olhar mais verdadeiro sobre si. Se você sente que é hora de se olhar com mais cuidado — para além dos filtros, dos padrões e dos olhares que te atravessam —, meu consultório está aberto, seja de forma online ou presencial, em Macaé. Vamos juntos trilhar esse caminho? Entre em contato e agende seu acolhimento. Será um prazer te acompanhar nesse processo.
AOS MEUS PACIENTES
5/21/20251 min read

